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Até os pobres preocupam com a sua marca ou imagem

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Ótima apresentação, Arthur Bender.

Sou filho de Santa Mariana, Paraná. Moro em São Paulo. Viva o Rio Grande do Sul, viva Teixeirinha. Gosto do jeito gaúcho de falar: tu vai e não tu vais. O Brasil sem seus regionalismos não seria o Brasil da ‘saudosa maloca, do menino da porteira, do lampião de gás, do baião’; o Brasil caipira de Mazzaropi, Inezita Barroso, e tantos outros brasis.

Bereguedé, do Capão Redondo, zona sul de São Paulo, diz que marca pessoal é importante até no jogo do bicho. Atende sorrindo quem o procura para fazer uma fezinha, desejando aos clientes boa sorte, perguntando como vão as coisas, a crianças.

O bodegueiro Delgado deixou de frequentar uma pizzaria conhecida no bairro porque as garçonetes não diziam boa noite.

O nego Maizena, na sexta-feira (9), alugou um terno para ir à festa de debutante da amiga da filha. Cadê o perfume? Emprestou do amigo a marca que gosta. “Não posso chegar de qualquer jeito. Não é à toa que todo mundo fala que sou nego enjoado”, disse.

João, 24, trabalha na Geagesp, é tido como chato quando bebe. Mesmo alterado ganhou admiração dos amigos, no bar-porão, na Cohab Adventista, ao dizer e mostrar que sua vida em Palmares, Pernambuco, não foi diferente da vida das crianças mostradas no Globo Repórter, que todos assistiam.

“Fui explorado pelo meu próprio pai quando tinha 9 anos, cortava cana o dia inteiro, olha a cicatriz do facão no meu joelho esquerdo, quando vejo, ouço falar da marca do facão tenho lembrança triste da minha infância. A cicatriz no pé direito é de foice, tinha 10 anos. Durante o dia trabalhava no pesado, em noites escuras saía com meu pai com a tarrafa para pescar. Ele já morreu! Hoje entendo que me explorava para ajudar no sustento da família. Somos em onze irmãos.”

O jardineiro Piauí, 23, entrou na conversa: “Odeio exploração, já deixei duas empresas por causa disso…”

Manelão tem uma marca pessoal. Segundo ele, quando quer conseguir alguma coisa rápida de um vereador, chama o assessor do homem de doutor.

“Primeiro procuro saber o nome dele, depois olho para ele, aperto a sua mão e digo: “Doutor fulano de tal…” Comenta que resolve rapidinho.

Manelão é vendedor de isqueiro. Garante que cliente bom é aquele que reclama e sempre tá comprando. “Não deixo ninguém na mão.”

Adão Mandioqueiro, no Parque Fernanda, avisa: “Se a mandioca não cozinhar, traga de volta e leve outra.”

João, ao fazer marketing da infância sofrida, começou a construir – entre os amigos – uma imagem positiva, a sua marca pessoal. Com certeza – se souber administrá-la – vai longe.

No Capão Redondo ainda – como acontece em toda a periferia, a justiça com as próprias mãos, a marca do porrete – seguranças de uma rede de supermercado popular quando flagram um pobre surrupiando um pacote de biscoito, o miserável é espancado publicamente, sai todo machucado. Dizem que é para servir de exemplo.

Na Estação Barra Funda do Metrô, Zona Oeste, vendedores ambulantes enganam as pessoas com propaganda falsa.

Mini garrafas de refrigerante exibem o carimbo de R$ 0,99. Após consumir o produto, a pessoa é obrigada a pagar R$ 2,00 e, se reclama, ouve dasaforos.

O mesmo está acontecendo com a mesma marca em outras regiões da cidade.

Considerando o grande número de consumidores de rua na cidade, a marca do produto pode ser destroçada pela opinião pública não esclarecida.

Por exemplo, um índio do Jaraguá diz que sentiu-se enganado pelo Guaraná Antártica, teve dificuldade em entender que a má-fé, no caso, foi do vendedor ambulante, e não da distribuidora.


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